Bisfosfonatos orais associados a aumento do risco de lesão renal aguda em dois diferentes estudos recentes
- 13/07/2022
- Publicado por: reumatonews
- Categoria: Reumatologia

Contexto
Bisfosfonatos (BF) são excretados via filtração glomerular passiva e transporte ativo por células dos túbulos renais proximais1.
Pacientes recebendo estes agentes podem desenvolver anormalidades renais, como necrose tubular aguda, dano tubulointersticial ou glomeruloesclerose segmentar e focal1.
Administração intravenosa de alguns BF, como pamidronato (PAM) e ácido zoledrônico (ZOL) é associada com risco elevado de lesão renal aguda (LRA), embora os BF orais sejam, geralmente, considerados de baixo risco2-5.
O que não se sabe?
Pouco se conhece sobre o risco de LRA com BF orais. Nesse sentido, dois recentes estudos sinalizam para possível aumento do risco de LRA com BF orais.
Estudo A6
Estudo de farmacovigilância transversal analisando duas bases de dados: US Food and Drug Administration’s Adverse Event Reporting System (FAERS) e Medical Data Vision (MDV) (Japão).
Ambas as bases de dados foram rastreadas para uso de diversas drogas antioesteoporose (DAO)* e todos os pacientes que não usavam DAO foram usados como comparadores.
*BF orais (alendronato, ibandronato, minodronato e risedronato), SERMs (bazedoxifeno and raloxifeno), BF intravenosos (ibandronato, pamidronato e zoledronato) e outras (denosumabe, romosozumabe, abaloparatida e teriparatida)
Na base FAERS, LRA esteve associada ao uso de risedronato (RIS), pamidronato (PAM) intravenoso e ácido zoledrônico (ZOL) intravenoso*.
*ROR: 1,36; IC 95%, 1,00-1,80; p=0.04, ROR: 3,87; IC 95%, 2,69-5,40; p < 0,01 e ROR: 1,69; IC 95%, 1,49-1,90; p<0,01), respectivamente
Também na base FAERS, foi identificada redução do risco de LRA com ibandronato oral, bazedoxifeno, ibandronato intravenoso, abaloparatida, denosumabe, romosozumabe e teriparatida*.
*ROR: 0,22; IC 95%, 0,09-0,45; p<0,01, ROR: 0,26; IC 95%, 0,05-0,77; p=0,01, ROR: 0,39; IC 95%, 0,14-0,86; p=0,01, ROR, 0,04; IC 95%, 0,01-0,11; p<0,01, ROR: 0,26; IC 95%, 0,23-0,29; p<0,01, ROR: 0,41; IC 95%, 0,19-0,78; p<0,01 e ROR: 0,08; IC 95%, 0,06-0,10; p<0,01), respectivamente
Após regressão logística multivariada na base MDV, alendronato (ALE) oral e ZOL intravenoso estiveram associados com LRA*.
*OR: 2,40; IC 95%, 2,08-2,77; p<0,01 e OR: 2,08; IC 95%, 1,25-3,47; p<0,01, respectivamente
Após regressão logística multivariada na base MDV, IBA intravenoso esteve associado a redução do risco de LRA*.
*OR: 0,22; IC 95%, 0,06-0,89; p=0,03
Estudo B7
Estudo de série de casos autocontrolado, utilizando a base de dados Clinical Practice Research Datalink (CPRD GOLD), Reino Unido.
Foram incluídos pacientes com mais de 65 anos de idade com necessidades de saúde complexas que faziam uso de BF orais. Necessidades de saúde complexas foram definidas como: 1) escore eletrônico de fragilidade > 3 (coorte fragilidade), 2) 1 ou mais hospitalizações não explicadas (coorte hospitalização) e 3) prescrição de 10 ou mais medicamentos diferentes em 2009 (coorte polifarmácia).
O uso do BF orais esteve associado com LRA (coorte fragilidade: IRR 1,65; IC 95% 1,25-2,19).
Take-messages
O uso de BF orais esteve associada a elevação do risco de lesão renal aguda em 2 grandes estudos recém publicados.
O risco parece ser heterogêneo entre os diferentes bisfosfonatos entre si.
Referências
1. Miller PD et al. J Bone Miner Res. 2013;28(10):2049-59. doi: 10.1002/jbmr.2058.
2. Edwards BJ et al. J Oncol Pract. 2013;9(2):101-6. doi: 10.1200/JOP.2011.000486.
3. Munier A et al. Ann Pharmacother. 2005;39(7-8):1194-7. doi: 10.1345/aph.1E589.
4. Welch HK et al. Pharmacotherapy. 2018;38(8):785-93. doi: 10.1002/phar.2152.
5. Shih AW et al. Kidney Int. 2012;82(8):903-8. doi: 10.1038/ki.2012.227.
6. Mitsuboshi S et al. J Clin Pharmacol. 2022. doi: 10.1002/jcph.2091.
7. Oda T et al. J Bone Miner Res. 2022. doi: 10.1002/jbmr.4573.