Com dactilite não se brinca
- 15/04/2022
- Publicado por: reumatonews
- Categoria: Reumatologia

A dactilite ocorre em 16-49% dos pacientes com artrite psoriásica (AP), sendo geralmente manifestação precoce da doença, inclusive muitas vezes sinal inaugural1.
Dactilite recorrente, frequentemente no mesmo dígito, pode ser a única manifestação de AP por meses a anos1.
Outras espondiloartrites, notadamente a artrite reativa, também podem cursar com dactilite1.
A dactilite pode apresentar-se como eritematosa, aguda e dolorosa ou com edema digital assintomático de curso crônico1.
Em um grande estudo de coorte de pacientes com AP, cada dígito com dactilite esteve associado a um risco 20% maior de evento cardiovascular futuro2.
São muitos os diagnósticos diferenciais de dactilite além das espondiloartrites: gota, sífilis, tuberculose, infecção das bainhas tendíneas dos flexores dos dedos, anemia falciforme e sarcoidose1.
Um recente estudo objetivou avaliar o impacto da presença de dactilite na evolução clínica de pacientes virgens de DMARDs na AP3.
Dos 177 pacientes com AP, 46% tinham dactilite.
Dactilite esteve associada a maior contagem de articulações dolorosas (CAD) (p<0,01), contagem de articulações edemaciadas (CAE) (p<0,001) e maiores níveis de proteínas C reativa (PCR) (p<0,01) vs. AP sem dactilite.
A dactilite foi mais prevalente nos pés 68,2% (vs 31,8% nas mãos) e a dactilite ‘quente’ foi mais prevalente do que a ‘fria’ (83,6% vs 16,4%).
A sinovite e as erosões ultrassonográficas (US) foram significativamente mais prevalentes na AP dactilítica (p<0,001 e p<0,001, respectivamente).
Quando os dígitos com dactilite foram excluídos, os pacientes com AP dactilítica tiveram maior CAE (3 vs 1, p=0,002), sinovite ultrossonográfica (escala de cinza ≥2: 20,6% vs 16,1%, p<0,001, ou PD ≥1: 5,1% vs 3,3%, p< 0,001) e erosões (1,1% vs 0,5% articulações, p=0,008; 26,1% vs 12,8% pacientes, p=0,035%) em relação à AP não dactilítica.
Sinovite (escala de cinza ≥2 e/o PD ≥1) ocorreu em 53,7% das dactilites. Não foram observadas diferenças substanciais para entesite no US.
Referências
1. Kaeley GS et al. Semin Arthritis Rheum. 2018;48(2):263-73. doi: 10.1016/j.semarthrit.2018.02.002.
2. Eder L et al. Ann Rheum Dis. 2016;75(9):1680-6. doi: 10.1136/annrheumdis-2015-207980.
3. Dubash S et al. Ann Rheum Dis. 2022;81(4):490-5. doi: 10.1136/annrheumdis-2021-220964.