Mais uma luz no fim do túnel? Dados promissores de uma nova droga oral no tratamento do LES
- 04/05/2022
- Publicado por: reumatonews
- Categoria: Reumatologia

Há poucos dias, foi publicado no NEJM resultados positivos de um estudo de fase 2, internacional, randomizado, placebo-controlado, com a droga Iberdomida em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES).
A iberdomida é uma droga que age interagindo com a ubiquitina… mas o que é ubiquitina???
A ubiquitina é uma proteína encontrada nas células eucariotas, constituída por 76 aminoácidos, que desempenha função importante na regulação de proteínas.
Ela marca proteínas indesejadas para que sejam degradadas por um complexo multiproteico denominado proteassoma.
A iberdomida faz parte da mesma classe da talidomida e lenalidomida com conhecidas propriedades terapêuticas positivas no LES, a despeito de importantes reações adversas como malformações fetais em membros, neuropatia periférica e tromboses com a talidomida.
Pacientes com LES têm superexpressão de Ikaros e Aiolos, duas proteínas de dedo de zinco, reguladoras do desenvolvimento e diferenciação linfoide, do controle da expressão gênica e quando associadas a complexos nucleares participam da remodelação nucleossomal.
A iberdomida liga-se a ubiquitina, promovendo degradação proteossoaml das proteínas Ikaros e Aiolos.
No estudo, pacientes adutos com LES foram randomizados em 4 grupos para receber iberdomida em 3 diferentes doses ou placebo, diariamente, por 24 semanas.
O desfecho primário do estudo era a resposta SRI-4 na semana 24, um índice composto de resposta de pelo menos 4 pontos no SLEDAI-2K, sem nova atividade de doença no BILAG 2004 e sem aumento de 0,3 ou mais ponto no PGA (escore de avaliação global do médico).
289 pacientes foram randomizados e 247 completaram o período placebo-controlado.
Significativamente mais pacientes que receberam iberdomida na dose de 0,45 mg alcançaram SRI-4 versus placebo (54% vs 48%, p= 0,01). O mesmo não foi encontrado para as demais duas doses da droga versus o placebo.
Em relação a eventos adversos graves, incluindo infecções fúngicas e virais, ocorreram em 77% no grupo iberdomida versus 65% no grupo placebo.
Houve apenas 1 gravidez no grupo placebo e nenhuma no grupo iberdomida.
As limitações do estudo foram:
- Subrepresentatividade da população negra (apenas 7%) no estudo, enquanto 72% eram brancos. É sabida a maior gravidade do LES em pacientes afrodescendentes;
- A exclusão dos pacientes com elevado fator de risco trombótico, visto que não se sabe se o risco de trombose é de classe ou apenas para talidomida;
- Houve exclusão de pacientes com nefrite lúpica e LES neuropsiquiátrico, apesar de pacientes com elevada atividade terem sido incluídos no estudo.
Referências
Merrill JT et al. N Engl J Med. 2022;386(11):1034-45. doi: 10.1056/NEJMoa2106535.
Costenbader KH. N Engl J Med. 2022;386(11):1085-6. doi: 10.1056/NEJMe2201329.