Metotrexato: de olho nas ulcerações cutâneas
- 20/09/2022
- Publicado por: reumatonews
- Categoria: Reumatologia

Contexto
Ulcerações orais são um evento adverso comum em paciente usando metotrexato (MTX) em pacientes sem adequada suplementação de ácido fólico.
Ulcerações cutâneas são menos comuns e têm mecanismo desconhecido.
Úlceras cutâneas por MTX foram inicialmente relatadas como ulcerações ou erosões em placas de pacientes com psoríase (PsO), mas têm sido descritas complicando outras condições dermatológicas e doenças autoimunes não dermatológicas.
O estudo…
Nesse sentido, foi realizada uma revisão sistemática, objetivando caracterizar as úlceras cutâneas relacionadas ao MTX.
Ao todo, 114 casos (homens = 57,9%, idade média = 61 anos) de ulceração cutânea com MTX foram incluídos no estudo.
Psoríase (69,3%), artrite reumatoide (18,4%) e micose fungoide (6,1%) foram as indicações mais comuns de uso do MTX.
As morfologias das lesões incluíram erosões localizadas em placas psoriásicas (33,3%), necrose/necrólise epidérmica (35,1%), ulceração (16,7%) e erosões em dobras cutâneas (5,3%).
A dose de MTX que precedeu a toxicidade variou muito (mediana 20 mg/semana)* e a maioria dos pacientes tinha fatores de risco para toxicidade: disfunção renal na linha de base em 37,8%, uso concomitante de AINEs ou sulfametoxazol-trimetoprima em 32,5% e uso inadequado de ácido fólico em 89,1%.
*Intervalo interquartil 15-40 mg/semana, intervalo 5-150 mg/semana.
Em 30% dos casos, doses equivocadamente altas de MTX foram administradas. Em 16,7% dos casos havia uma elevação recente da dose do MTX e em 6,1% dos casos, as lesões ocorreram após a readmnistração recente do metotrexato.
A mortalidade foi de 12% e ausência de uso de ácido fólico*, pancitopenia** e disfunção renal na apresentação foram associados ao aumento da mortalidade.
*69% vs. 100%, p< 0,001
**33% vs. 86%, p<0,001
***47% vs. 92%, p<0,001
Referência
Berna R et al. Am J Clin Dermatol. 2022;23(4):449-57. doi: 10.1007/s40257-022-00692-1.