Monkeypox está entre nós
- 26/07/2022
- Publicado por: reumatonews
- Categoria: Reumatologia

Como era?
O vírus Monkeypox, vírus de DNA, relacionado ao vírus que causa a varíola humana, foi inicialmente descrito em humanos em 1970 na República Democrática do Congo.
Surtos esporádicos vêm sendo descritos desde então na África, tipicamente em pessoas que se expunham ao contato com reservatórios silvestres, principalmente roedores, sugerindo uma transmissão humano-humano ineficiente até então.
A transmissão ocorre por gotículas respiratórias grandes, contato direto ou próximo com as lesões cutâneas e possivelmente por fômites contaminados.
Onde estamos hoje?
Desde maio de 2022, mais de 15600 casos de Monkeypox foram reportados em mais de 65 países nos 5 continentes, levando a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar Emergência Global de Saúde em 23/07/2022.
Recentemente, uma série de 528 casos de Monkeypox foi publicada no NEJM, com pacientes dos 5 continentes e de 16 países.
Epidemiologia e transmissão
No total, 98% dos pacientes infectados são homens homossexuais ou bissexuais, sendo 75% brancos, idade média de 38 anos.
Transmissão via atividade sexual foi suspeita em 95% dos infectados e o período de incubação médio foi de 7 dias (3-20)*.
*Dados baseados em 23 casos com história de exposição claramente conhecida.
Embora o DNA do vírus Monkeypox detectado por PCR estivesse presente em 29 dos 32 casos testados no sêmen, a transmissão sexual não pode ser confirmada, pois não se conhece a capacidade de replicação viral nestas amostras.
41% dos casos reportados são de pessoas vivendo com HIV e na maior parte desses casos com a infecção bem controlada (96% em HAART e 95% com carga viral < 50 cópias).
HAAR: terapia antirretroviral altamente ativa
Dos casos testados, 29% tinham infecções sexualmente transmitidas concomitantes.
Manifestações clínicas
Lesões cutâneas foram observadas em 95%, sendo a maior parte descritas como vesicopustulares (58%), porém grande espectro de lesões foi identificado (máculas, vesículas, úlceras, lesões crostosas e lesões presentes em múltiplas fases simultaneamente).
As principais áreas acometidas foram região anogenital (73%), tronco, braços e pernas (55%), face (25%) e região palmoplantar (10%).
Úlceras únicas, inclusive em região genital, foram identificadas em 11% dos infectados.
64% dos pacientes apresentaram menos de 10 lesões cutâneas e 41% dos casos lesões mucosas.
Sintomas comuns precedendo o rash cutâneo foram febre (62%), letargia (41%), mialgia (31%) e cefaleia. Linfadenopatia foi descrita em 56% dos casos.
Como é feito diagnóstico?
A definição de caso é a confirmação por PCR para o vírus monkeypox a partir de um sítio anatômico acometido pela doença. Nesta série de casos, dentre os pacientes seguidos com PCR, o último ponto de tempo em que uma lesão de pele permaneceu positiva foram 21 dias depois do início dos sintomas.
Gravidade
Maior parte dos casos foi autolimitado, leve e não houve óbitos.
Em 13% dos casos houve necessidade de internação, sendo as razões mais comuns para tanto manejo da dor e superinfecção bacteriana.
Dois tipos de complicações graves foram observados: miocardite (2 casos) e epiglotite (1 caso).
Referência
Thornhill JP et al. N Engl J Med. 2022. doi: 10.1056/NEJMoa2207323.