Síndrome VEXAS: a grande imitadora
- 04/12/2022
- Publicado por: reumatonews
- Categoria: Reumatologia

Em 2020, uma nova síndrome autoinflamatória foi descrita: síndrome VEXAS.
Vácuolos (presença de vácuolos em células mieloides e eritroides)
Enzima E1 (referência à enzima 1 ativadora e modificadora ubiquitina símile – UBA1)
Ligada ao X (apenas homens são acometidos)
Autoinflamatória
Somática (as mutações no gene UBA1 ocorrem em células somáticas)
Na verdade, na síndrome VEXAS tem sido observado um padrão misto de autoinflamação e autoimunidade.
Manifestações clínicas
Condrite é observada em 36-50% dos casos de VEXAS. 60% dos casos de VEXAS fecham critérios para policondrite recidivante (PR), enquanto 8% dos pacientes com PR têm VEXAS.
Manifestações cutâneas são encontradas em 90% dos casos de VEXAS, sendo que as mais comuns são síndrome de Sweet, eritema, nódulos, pápulas, eritema nodoso e paniculite.
Desordens hematológicas são frequentes, principalmente síndrome mielodisplásica (SMD), anemia macrocítica, mieloma múltiplo e gamopatia monoclonal de significado indeterminado.
Manifestações trombóticas, predominantemente venosas, ocorrem em 40% dos casos.
Manifestações pulmonares são encontradas em 50-70% dos casos, como infiltrados pulmonares, pneumonia em organização e derrame pleural.
Outras manifestações são febre recorrente, artrite, linfadenopatia e manifestações oculares.
Quais doenças VEXAS pode simular?
Vasculite cutânea leucocitoclástica (mais frequente)
Policondrite recidivante
Arterite de células gigantes
Poliarterite nodosa
Vasculite por IgA
Vasculite associada ao ANCA
Como diferenciar PR de VEXAS?
A presença dos 3 fatores a seguir torna o diagnóstico de VEXAS em um paciente com fenótipo de PR altamente provável: sexo masculino, VCM > 100 fl e plaquetas < 200 x103. Qual a importância de diferenciar PR idiopática (PR-I) de PR associada a VEXAS (PR-VEXAS)?
Principalmente porque a mortalidade dos pacientes com PR-VEXAS é maior, bem como a refratariedade ao tratamento.
Quais as outras diferenças entre PR-VEXAS e PR-I?
Pacientes com PR-VEXAS são mais frequentemente do sexo masculino1, são mais velhos ao diagnóstico2, têm mais febre3, lesões cutâneas4, envolvimento ocular5, maior frequência de infiltrados pulmonares6 e envolvimento cardíaco7, bem como, níveis médios mais altos de PCR8.
1. 96% vs 30%, p<0,001
2. 66 vs 44 anos, p<0,001
3. 60% vs 10%, p<0,001
4. 82% vs 20%, p<0,001
5. 57% vs 28%, p=0,01
6. 46% vs 0%, p<0,001
7. 11% vs 0%, p=0,0336
8. 64 vs 10 mg/L, p<0,001
75% dos pacientes com PR-VEXAS têm síndrome mielodisplásica vs nenhum dos pacientes com PR-I.
Tratamento
Glicocorticoides
DMARDs sintéticos convencionais
DMARDs biológicos
Inibidores de JAK
Transplante alogênico de células tronco hematopoiéticas
Referências
Watanabe R et al. Front Med (Lausanne). 2022 Aug 15;9:983939. doi: 10.3389/fmed.2022.983939.
Khitri MY et al. RMD Open. 2022;8(2):e002255. doi: 10.1136/rmdopen-2022-002255.
Grayson PC et al. Arthritis Rheumatol. 2022;74(11):1733-6. doi: 10.1002/art.42258.
Nguyen JK et al. Australas J Dermatol. 2022;63(4):488-92. doi: 10.1111/ajd.13932.