Tratamento com eritropoietina associado a maior risco de fraturas em pacientes em diálise
- 25/05/2021
- Publicado por: reumatonews
- Categoria: Reumatologia

A eritropoetina (EPO) é o regulador primário da eritropoiese da medula óssea.
Modelos experimentais demonstraram que EPO é capaz de regular a remodelação óssea, promovendo aumento de reabsorção e perda ósseas1.
Sendo assim, estudo observacional recente já demonstrou que em homens idosos com função renal normal, EPO plasmática alta esteve associada com risco 43% maior de fraturas incidentes2.
A eritropoietina, amplamente usada para tratar a anemia na doença renal em estágio terminal (DRET), aumentou o risco de fraturas de quadril em pacientes em diálise, e quanto maior a dose, maior o risco, indica o primeiro estudo nesse sentido3.
O estudo de coorte retrospectivo incluiu pacientes em hemodiálise inscritos no Sistema de Dados Renais dos Estados Unidos entre 1997 e 2013.
Riscos de fratura para pacientes tratados com <50 UI de EPO/kg/semana foram comparados àqueles que receberam doses mais altas.
As taxas de fratura de quadril para 747.832 pacientes aumentaram de 12,0 por 1000 pacientes-ano em 1997 para 18,9 em 2004, depois diminuíram para 13,1 em 2013.
Concomitantemente, as doses médias de EPO aumentaram de 11.900 UI/semana em 1997 para 18.300 UI em 2004, depois diminuiu para 8.800 UI em 2013.
Durante este tempo, as razões de risco ajustadas para fraturas de quadril com doses de EPO de 50-149, 150-299 e ≥ 300 unidades / kg / semana em comparação com <50 unidades / kg / semana foram 1,08 (intervalo de confiança de 95% [IC], 1,01-1,15), 1,22 (IC de 95%, 1,14-1,31) e 1,41 (IC de 95%, 1,31-1,52), respectivamente.
Outros fatores que previram um maior risco de fratura de quadril incluíram idade ≥ 65 anos, sexo feminino, raça branca, IMC <25 kg/m2, diabetes como causa de DRET, duração da diálise < 2 anos e escore de comorbidade elevado.
Take-home messages
Este foi primeiro estudo que implica o tratamento com EPO como um fator de risco independente para fraturas de quadril em pacientes em hemodiálise.
Os dados apontam que o tratamento com EPO pode ter contribuído para mudar as tendências na incidência de fratura para esses pacientes nas últimas décadas.
Seria também plausível considerar minimizar as doses de EPO usadas para tratar pacientes com insuficiência renal, evitando altas doses, usando EPO para melhorar ao invés de corrigir a anemia.
Referências:
1. Hiram-Bab S et al. FASEB J. 2015;29(5):1890-900. doi: 10.1096/fj.14-259085.
2. Kristjansdottir HL etl. J Bone Miner Res. 2020;35(2):298-305. doi: 10.1002/jbmr.3900.
3. Suresh S et al. J Bone Miner Res. 2021. doi: 10.1002/jbmr.4297